Vamos fazer um exercício juntos? Feche seus olhos, se concentre e por alguns instantes busque em sua memória como as coisas eram antes da pandemia de COVID-19.
Naquele momento, você cogitava que sua empresa, você e seus colegas, passariam a trabalhar de forma remota? Ou que as escolas e universidades, adotariam o ensino à distância como padrão por quase dois anos? Provavelmente não né?
Mesmo assim, de surpresa, o mundo se adaptou a todos os desafios que vieram junto com a pandemia, apostando em novas formas para adaptar as atividades seja no trabalho, na escola e até em nossas próprias casas.
Mas só porque mudamos, não quer dizer que foi uma mudança fácil. Foi necessário se adaptar, inovar e pensar fora da caixa para vencer os obstáculos. E a cada desafio, foi preciso entendê-los por completo, identificar as causas-raiz e se concentrar em resolver cada um dos pontos.
Pensando em se preparar melhor para os desafios, do tamanho que forem, que vão ser apresentados a nós, vou apresentar uma metodologia que ajuda a entender melhor como resolver problemas complexos.
O antropólogo Edward T. Hall desenvolveu o Modelo do Iceberg Cultural na década de 1970 como uma analogia para os códigos culturais que prevalecem em qualquer sociedade.
O termo “Modelo Iceberg de Cultura” é inspirado nos icebergs encontrados nos mares polares. Um iceberg tem partes visíveis na superfície da água e partes invisíveis que estão debaixo d’água, muitas vezes, até 90% da área real de um iceberg permanece escondida debaixo d’água.
Da mesma forma, a cultura e os comportamentos têm componentes observáveis e não observáveis. A parte visível da cultura é a maneira como vivemos e interagimos uns com os outros, nossas tradições, o que comemos e como nos vestimos.
A parte invisível são nossas preferências, opiniões, valores, crenças e sistemas de valores. Assim como um iceberg permanece escondido debaixo d’água, grande parte da cultura e do comportamento permanece oculto, mas está lá e não pode ser ignorado.
O grande pedaço do iceberg que existe debaixo d’água determina o comportamento que é visível acima da superfície.
As culturas organizacionais também possuem elementos visíveis e invisíveis.
A marca corporativa, os valores e os comportamentos de uma empresa são visíveis para todos. Mas, como um iceberg, as organizações também são impulsionadas por comportamentos muitas vezes invisíveis, e os líderes precisam ir além de fatores visíveis, como taxas de rotatividade e funcionários desengajados.
Eles precisam se aprofundar e identificar elementos menos invisíveis, como a resistência dos funcionários à mudança ou o desalinhamento entre a cultura e a estratégia de uma empresa.
As organizações podem usar o Modelo Iceberg para desenvolver uma compreensão mais profunda das diferenças culturais e da competência comportamental nas equipes. Isso ajudará a entender como resolver problemas complexos alterando aspectos do comportamento que podem estar ocultos, mas ainda são importantes.
Conheça e compreenda os três aspectos-chave da teoria do iceberg cultural:
O primeiro passo para usar o Modelo Iceberg é focar em eventos ou práticas culturais que você pode observar claramente.
Por exemplo, uma pessoa de uma cultura que visita uma cultura diferente pode ter um choque ao notar a diferença em estilos de vestir, escolhas na alimentação, estilos de vida e a forma como as pessoas se cumprimentam. Compreender a variação nas práticas culturais ajuda a desenvolver uma compreensão mais profunda das pessoas e do comportamento, tanto no trabalho quanto na vida em geral.
Um dos passos mais importantes do uso da teoria do iceberg cultural é identificar as crenças, valores, atitudes e expectativas que impulsionam uma determinada cultura. A maioria das pessoas tende a aprender subconscientemente seus valores, crenças e atitudes de sua cultura e comunidade.
De acordo com o Modelo Iceberg de Cultura, os comportamentos geralmente seguem um padrão. Encontrar padrões pode facilitar o trabalho em conjunto ou provocar mudanças.
Por exemplo, os funcionários de uma organização estão atrasados todos os dias, mas o líder da equipe não consegue entender o porquê. É só quando a análise da situação se aprofunda é que descobre um padrão: os colaboradores ficam no trabalho para reuniões até tarde da noite vários dias, muitas vezes ultrapassando até seu horário de expediente. Então eles acabam chegando mais tarde para trabalhar no dia seguinte.
Procurar padrões invisíveis ajuda o líder da equipe a chegar à raiz do problema. Assim que ele mudou asreuniões diárias para o período da manhã, garantiu que a equipe pudesse encerrar seu dia de trabalho no horário.
Todos nós continuamos a acreditar em algumas coisas sobre nós mesmos, embora reconheçamos que elas podem não ser verdadeiras. Essas crenças podem ser sobre você ou o mundo ao seu redor e podem levar a emoções negativas como estresse, ansiedade e até frustração.
Um exemplo simples é quando muitos de nós aprendemos a andar de bicicleta. Se você levar um tombo uma vez, duas vezes e os coleguinhas rirem de você, pode ser que simplesmente desista de tentar novamente. Você passa a acreditar que não conseguirá se equilibrar na bicicleta e abandonou a possibilidade de que uma das tentativas iria ser a que daria certo.
Ao entender que algumas das limitações que acreditamos ter, não são reais, é que surge a possibilidade de vencer mais um desafio. Neste exemplo, ao mudar o modelo mental, estamos permitindo um maior desenvolvimento.
Para uma mudança em grande escala que exija uma mudança cultural e comportamental, é necessário mudar os modelos mentais de todas as pessoas da equipe, mas sempre irá começar por alguém primeiro.
As diferenças culturais muitas vezes podem levar a problemas ao trabalhar em equipes multiculturais e especialmente ao fazer negócios em mercados internacionais. Considerar o Modelo Iceberg pode ajudar a superar esses desafios na sua empresa.
Ao compreender a teoria do iceberg cultural, podemos chegar às causas profundas dos problemas. Da mesma forma, o Modelo Iceberg de Cultura e Comportamento pode ajudar a entender e transformar o comportamento humano em larga escala.
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